Sentada num galho de uma kigela,
a ovelha Fajula tem as pernas aborrecidas
e a nuca dormente.
À horas que o mocho lhe está a catar os piolhos
da cabeleira ruiva, emitindo guinchos
semelhantes aos de uma capivara.
Farta daquela monotonia,
Fajula dá um soco seco
na pança pregueada do mocho
e pula do galho para o chão.
Decide ir refrescar-se ao rio.
Segue caminho pela selva densa
e transpirada acompanhada
por um carrinho de mão que achou
há dias perto de casa.
O andar vaidoso segue o ritmo
do chiar da roda ferrugenta,
incentivando-a a começar uma dança erótica.
Esfrega as costas pausadamente
na pele eriçada de uma bananeira
e entrelaça os braços no melaço
dos frutos da árvore.
No clímax do momento,
os pés já doridos obrigam-na a parar por instantes.
Depois de pousar o carrinho,
pega no leque de Vaz que traz ao pescoço
e traça um risco na terra húmida.
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