O dedo pedinte é um animal de hábitos incontrolados e mal-vistos pelos que estão de fora. A criação de rotinas desprovidas de sentido complica a compreensão do comum mortal; as velas que ardem ocupam-lhe o espaço livre do pensamento de fumo (que não interessa a ninguém), vertem cera para dentro das narinas hostis. Tudo pela guerra do petróleo. Vadia.
O dedo pedinte tem a unha torta e balanceia-se hirtamente no ar imprevisível. Invisível. Comestível.
Os dedos pedintes que arrancam os dentes à dentada não podem nunca ser submetidos a cirúrgias invasivas. Lascivas. Sensitivas.
- Posso fazer uma pergunta? - pondo de imediato o dedo no ar.
- Força - diz-lhe o outro, atrás da árvore.
- O que são caixas vazias?
- Ninguém sabe.
Ilustração por Gordo
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