quinta-feira, 14 de maio de 2009

(sem título)

Quando a chuva cai sente-se ansioso, preguiçoso de sentir o frio na ponta íntima do órgão reprodutor. O peso do testículo mole entorta-lhe a coluna que segue o caminho pecaminoso do corno acorrentado à dureza do rabo. Apanhado no cerco de uma tortura febril quer foder para cair no esquecimento dos outros. Irritado. Fastigado. Ergue-se nu afogado em garrafas de plástico vazias (húmidas e opacas). Os gargalos nauseabundos querem, à priori, ser tocados e cheirados por lábios suados. Ao acordar, o mau hálito atiça-lhe os intestinos que anseiam a libertação máxima do ânus. Queima a roupa suja na rua e arruma caixotes de pêras no armário da casa de banho para quando lhe apetecer comer.

Ilustração por Gordo

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