quarta-feira, 13 de maio de 2009

Beijo de Língua

Foi o castigo do Beijo de língua. Abandonar a tribo e nunca mais voltar.
No dia do julgamento final, trazia uma espécie de fralda vermelha atada à cintura, um longo turbante da mesma cor e um exuberante cachimbo de cânhamo na beiça gorda.
O som final do corno de elefante infiltrou-se nas narinas grossas de todos os indígenas da tribo. O seu destino está traçado.

- Desgraçado é que eu não sou. Riam-se à vontade que eu rio-me ainda mais - gritava com as mãos levantadas para o céu.

As bongadas que dava no cachimbo enchiam a sala de fumo denso, intangível. Seguiu-se um momento de cânticos e dança em torno de um varão improvisado para o julgamento. Depois o Beijo de língua abandonou o recinto e nunca mais voltou.

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