terça-feira, 16 de março de 2010

Ouvidos de Burro

No meu mundo sedentário
Pregam espinhas aos peixes
Regem uma vida de cão
Dão asas a desleixes

No meu mundo sedentário
Convertem lesmas em ouvidos de burro
E advogam que o pão chega para todos
E que o calvário não chega ao curro

No meu mundo sedentário
Cochicham os pés do vizinho
E o corpo agrário
E a saia afoita do rapazinho

Neste mundo sedentário
Divago em terceira classe
Sem cama, nem armário
Seria louca se o ocultasse

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