Se fosse fácil escrever os sentimentos que por vezes nos fazem ajoelhar, que nos fazem crer na nossa pequeneza então não estaria há mais de um ano a tentar escrever esta carta. Mas ainda acredito na constelação mais bela e harmoniosa Universo e desta também faço a minha única certeza. Porque nada desaparece, é apenas comutado, substituído. Crescem árvores novas, mas as que morreram continuam vivas se continuarmos a pensar nelas.
Ao fim de tantos anos, o espaço íntimo sublevou-se, individualizou-se, afastando consigo as possíveis errâncias que o destino cruel teima em invocar. Por conseguinte, a separação tornou-se inevitável, à luz de parêntesis obscuros, que nos fazem optar por caminhos diferentes; e nada é durável, tudo muda, tudo é foi, nada acontece, escreveu o escritor; a girafa está em chamas, assustada. «Permitirei o incêndio das chamas refulgentes no meu corpo? Ou estarei queimada antes mesmo do incêndio deflagrar?»
Daí questionar-me sobre o que é, e não é, definitivo. Quem nos comanda? O que nos garante? O futuro? Sigo em frente, meio absorta, atribulada, tropeçando aqui e ali, deixando cair cortinados alheios. Contudo, num instante sombrio, penso e olho para as minhas entranhas, revolto-me contra mim e pontapeio o meu estômago vazio. O passado atordoa-me, enjoa-me pensar que a compreensão ficou algures lá para trás. Nunca me apontou um dedo. Não havia queixas, reclamações, exigências, lamentos. Existia, sim, plena aceitação mútua, tu eras eu e sem resquícios de absorção. Se alguém travava conversa comigo, travava conversa também contigo.
Pergunto-me se de noite choravas. Eu chorei durante meses. Hoje não. Aprendi a aceitar e a compreender, mas o sentimento de angústia, esse carregarei comigo para o resto da vida. No fundo, sou cobarde, débil, irresoluta e vacilante. E pior do que ser cobarde, é sê-lo conscientemente. Talvez a vida nunca tenha feito sentido para ninguém. Por isso escrevo, escrevo muito, escrevo sem pensar no que escrevo, escrevo sem segundas intenções, sem necessidades de rodeios asneados. Não obstante, a essência estará lá, sempre, crescemos, diferenciamo-nos. Creio, talvez erroneamente, que nada mudou, que somos felizes.
Ao fim de tantos anos, o espaço íntimo sublevou-se, individualizou-se, afastando consigo as possíveis errâncias que o destino cruel teima em invocar. Por conseguinte, a separação tornou-se inevitável, à luz de parêntesis obscuros, que nos fazem optar por caminhos diferentes; e nada é durável, tudo muda, tudo é foi, nada acontece, escreveu o escritor; a girafa está em chamas, assustada. «Permitirei o incêndio das chamas refulgentes no meu corpo? Ou estarei queimada antes mesmo do incêndio deflagrar?»
Daí questionar-me sobre o que é, e não é, definitivo. Quem nos comanda? O que nos garante? O futuro? Sigo em frente, meio absorta, atribulada, tropeçando aqui e ali, deixando cair cortinados alheios. Contudo, num instante sombrio, penso e olho para as minhas entranhas, revolto-me contra mim e pontapeio o meu estômago vazio. O passado atordoa-me, enjoa-me pensar que a compreensão ficou algures lá para trás. Nunca me apontou um dedo. Não havia queixas, reclamações, exigências, lamentos. Existia, sim, plena aceitação mútua, tu eras eu e sem resquícios de absorção. Se alguém travava conversa comigo, travava conversa também contigo.
Pergunto-me se de noite choravas. Eu chorei durante meses. Hoje não. Aprendi a aceitar e a compreender, mas o sentimento de angústia, esse carregarei comigo para o resto da vida. No fundo, sou cobarde, débil, irresoluta e vacilante. E pior do que ser cobarde, é sê-lo conscientemente. Talvez a vida nunca tenha feito sentido para ninguém. Por isso escrevo, escrevo muito, escrevo sem pensar no que escrevo, escrevo sem segundas intenções, sem necessidades de rodeios asneados. Não obstante, a essência estará lá, sempre, crescemos, diferenciamo-nos. Creio, talvez erroneamente, que nada mudou, que somos felizes.
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