terça-feira, 9 de março de 2010

Kublai – Tudo é inútil, se o último local de desembarque tiver de ser a cidade infernal, e é lá no fundo que, numa espiral cada vez mais apertada, nos chupar a corrente.
E Pólo: - O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir, se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos aos estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.
Calvino, in “As Cidades Invisíveis”, 5ª edição, página 166, Editorial Teorema.

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