quinta-feira, 18 de março de 2010

Ai cobras que lá foi ele




Era uma tarde de Fevereiro
Sem açucar no açucareiro
Pescavam tantas toneladas de arreiro
Chiça! Que mau cheiro alcoviteiro

Suplicou ao santo padroeiro
Para que a chuva não trouxesse o nateiro
E não lhe afogasse o pobre do carneiro
Que pasta livre as relvas do carreiro

Mas o santo padroeiro
arrieiro arteiro
ignorava-o de modo grosseiro
Pois era filho de terceiro
Pobre inútil, tornado rafeiro

E o homem dizia: «sou filho de um vendedor careiro,
Que trabalhava aos sábados no Barreiro,
Dando milho à boca do touro vareiro
E chuto tão pouco dinheiro
Por isso assassinei meu irmão, o herdeiro
Não me lembro se com uma faca ou um tiro certeiro
E ao querer fazer de mim guerreiro
Tornei-me de mim prisineiro
Só me resta pegar no isqueiro,
Algures no bolso, solteiro
E com um toque gesticular ligeiro
Acender o cigarro de um marinheiro
Que um dia me disse «sê verdadeiro»






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