quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lontra

Quiseram comer-me a cartilagem, aqueles monges safados que no outro dia se atravessaram no meu caminho! Ai se eu os apanho! Visitei o mar nessa manhã. Sentei-me na areia e abri os braços à lontra. Gorda e com um herpes no lábio. Quando olhei para trás e vi a minha cidade dentro de um cortiço em forma de estômago assustei-me. Parecia apertada e ofereci-lhe um sopro. Agradeceu-me e virou sapo e fugiu. Quando voltei, o mar tinha iniciado viagem. Ao longe gritava por mim, soltando vagas tristes. Mas ai aqueles monges!!! Sacanas dos velhos que me quiseram trincar a cartilagem! E os tijolos que caíram no prédio em frente? Ninguém os acode e tenho pena porque eram bons tijolos. Mas alguém faz alguma coisa por isso? Naquela manhã, cruzei-me com um ao virar da esquina. Pareceu-me material de qualidade, um bom chefe de família. Não me falou... é verdade... mas bolas!!! Era um tijolo!!! Não me lembro de acordar nessa manhã, nem de adormecer no dia antes. Mas lembro-me que nessa manhã me esqueci do casaco em casa e como estava frio resolvi pedir o pêlo de um gato vadio emprestado. Mas só de pensar nos sacanas dos monges sinto um arrepio na espinha! Nessa manhã, cacei um camelo aprumado que passeava uma boina turca na cabeça. Os seus cascos maçudos ainda me fizeram mossa na cabeça. Só não me lembro como essa manhã acabou...

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