terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

SALADA DE PEIXE

O escadote foi chamado mais uma vez, agora para montar o candeeiro octogonal renascentista que pesava nos braços esticados do Mário. Os três de olhos postos na viga do tecto da garagem, boquiabertos com as bochechas carminas do rapaz, tal não era o seu esforço. A Ana esperava impacientemente a palavra de ordem, encostada junto à caixa preta da electricidade. “Já está!”, disse ele, e ela quase que puxava o botão para cima. Quase. Não aconteceu nada, a não ser o flash da máquina do Tagas a bater nos refegos da barriga imaculada do Mário e o Gordo a dizer: “É assim que os acidentes acontecem!”.

(Vinte minutos mais tarde, nos sofás)

- Então e comeram a salada de peixe? Como é que está? Está boa? – indagou a Ana.
- É tipo, imagina... salada russa. É basicamente isso mas com peixe - esclareceu o Gordo.
- Mas tem batata?
- Tem. Tem batata, couve-flor, brócolos.
- Tem é brócolos, que é uma merda! - reclamou o Mário.
- Odeio é quando os brócolos vêm muita cozidos – opinou a Ana, de imediato.
- Pois EU ODEIO quando os brócolos vêem! – gesticulando o sinal universal para terminar uma conversa.
“Odeio quando os brócolos vêem!” – repetiu a Ana, largando uma gargalhada estridente.
- Pá, odeio brócolos, odeio BRÓCOLOS!
- Alguém tem um isqueiro? -, perguntou o Gordo sem resposta.
- Pá, não tem a ver com ser fã ou não ser fã. Eu NÃOOOOOO! – gritou o Mário.
- Pá, eu não como ervilhas. – opinou novamente a Ana.
. NÃOOOO NÃOOOO NÃOOO”! Não como brócolos!

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