segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vasquinho à janela (continuação)

Quando o senhor de camisa acertada acenou, o Vasquinho assustou-se e esgueirou-se para debaixo da cama. Questionava-se porque estaria um senhor de camisa lisa, sentado num cadeira suspensa no nada, mesmo em frente à sua janela. Isto porque sempre que pergunta à mãe - "e hoje já posso voar?", acaba por se resignar à sua condição demente e acaba o dia deitado de pernas para o ar a olhar para o tecto. E, agora, mesmo em frente à janela do seu quarto, está um senhor com sobrancelhas farfalhudas, a pedir solenemente para falar com ele.
- "Talvez só quer bricar comigo", pensou o Vasquinho. E assim saiu devagar do esconderijo forçado e aproximou-se da janela.

- Ora viva, meu bom rapaz!
- Olá!
- Sabes o que é que acontece quando pensamos muito numa coisa?
- Não.
- Nada.
- Mas afinal quem é o senhor?
- Eu sou o Vasco.

O Vasquinho não conseguiu esconder a contentação por saber que o senhor tinha o mesmo nome que o seu e deu pulos de alegria.

- Temos o mesmo nome!
- Eu sei.
- Como é que sabe?
- Eu sou tu.
- Eu? Tu? Quem? Eu?

Os gritos da mãe ouviram-se em todos os cantos da casa. Parecia zangada porque a loiça suja do almoço continuava por lavar. Resignado, o rapaz despediu-se do Vasco e fechou a janela.
(continua)

Sem comentários: